Curando as emoções feridas

Cap. 10 – Autocrítica

Ou autocondenação?

“O homem divorciado que não consegue perceber sua participação no rompimento do casamento e só consegue culpar a antiga esposa; a adolescente que culpa seus pais e sua família pela maneira como se sente; o alcoólatra que não consegue entender por que bebe; a mulher gorda que usa a comida como fuga e fonte de consolo; as supostas pessoas preguiçosas que têm medo do fracasso e não possuem autoconfiança.

À medida que os problemas desses aumentam, seu insight diminui. É de estranhar que esses não tenham insight de si mesmos ou do seu comportamento, facilmente culpando os outros pelos próprios erros, e achando extremamente difícil desculpar-se ou admitir uma injustiça.

Jesus nos ensina a não condenarmos nossos semelhantes antes nos examinarmos criticamente. É difícil ouvir a condenação de outra pessoa, mas a autocondenação me parece ainda mais fácil de suportar, devido a sua destrutividade.

Existe uma tênue linha de separação entre a autocrítica e a autocondenação, mas também uma grande diferença. Por causa disso, há os que temem examinar-se criticamente, com medo de se condenarem. Eles acham que as duas coisas são iguais. A autocrítica saudável produz o insight, e este último nos ajuda a nos conhecermos, com a possibilidade subseqüente de mudarmos e crescermos.

A autocrítica é absolutamente necessária para a maturidade emocional e espiritual, ela é positiva e construtiva. Uma vez que deixamos de temê-la, ela pode tornar-se libertadora, divertida e auto-satisfatória.

A autocrítica saudável nos desafia a atingir maiores alturas nos desenvolvimento humano e cristão. Quanto melhor pudermos nos entender, mais seremos capazes de conhecer e compreender as outras pessoas e ser sensíveis às suas necessidades.

A autocrítica se baseia no entendimento de que somos bons e dignos de mérito, que podemos melhorar, que podemos aprender com nossos fracassos e crescer, que sem falhar não podemos mudar, nem conhecer a nós mesmos e as nossas limitações. Deus nos ama, apesar dos nossos erros.

A autocondenação, por outro lado, nos retrata como inúteis e inferiores por causa dos nossos fracassos. Na verdade, nós nos odiamos por não sermos perfeitos, e essa autocondenação é debilitante e destrutiva, patológica e não-cristã.

Essa doença perniciosa é visível em muitos perfeccionistas, os quais são sempre infelizes, não importa o quão “bem-sucedidos” possam ser; sempre descobrem um defeito. Não experimentam muita satisfação, se é que sentem alguma, porque estão ansiosos a respeito do seu fracasso, e quando este ocorre, eles de certo modo já o esperavam, porque se consideram um fracasso. São duros consigo mesmos, e é muito difícil de conviver com eles. Acima de tudo, são incapazes de desfrutar a alegria e a paz da vida cristã gerada pelo Deus magnânimo, o qual nos pede que perdoemos a nós mesmo.

A autocrítica sopra nova vida e esperança na nossa vida; a autocondenação só nos traz desespero e a morte.

Quando Jesus censurou os fariseus por condenarem a mulher adultera, ele lhes pediu que fossem críticos consigo mesmos. Quando falou com ela, pediu-lhe que não mais pecasse. Ele sugeriu que ela aprendesse com a própria falta, mas acima de tudo garantiu-lhe que se ele não a condenava, tampouco ela deveria condenar a si mesma”.

Esse texto foi retirado do livro “Curando as emoções feridas” de Martin Padovani.

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