Curando as emoções feridas

Cap. 06 – Perdoar

Significa esquecer?

Muitas situações da vida e dimensões religiosas são freqüentemente complicadas por causa da compreensão errônea de um princípio fundamental da vida: o significado do perdão.

Admitindo que aceitamos o acima exposto, surge um problema quando deixamos de compreender a diferença entre perdoar e esquecer. Perdoar a pessoa que nos magoou e esquecer o que ela fez são coisas bem diferentes, mas amiúde julgamos erradamente que as duas são iguais. Achamos que se nosso perdão for genuíno, o esquecimento deveria seguir-se imediatamente. Conseqüentemente, tornamo-nos vítimas de grande e desnecessário conflito emocional e espiritual.

O que está acontecendo? Os homens deixam de fazer uma simples, porém importante distinção entre o perdão como ato e o perdão como sentimento.

O ato do perdão é simplesmente isto: um ato; é uma escolha baseada nas nossas convicções cristãs. É ato da vontade e do intelecto, baseado no raciocínio. É aproximação à outra pessoa, convite a que ela reate o relacionamento anterior. Pode ser ato difícil, porém firme; pode ser frio e destituído de sentimentos calorosos e positivos, mas de alguma forma genuíno. Sugiro que pode ter sido dessa natureza o ato de perdão de Cristo na cruz: “pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem!”.

O ato do perdão pode ser um fato, mas o sentimento do perdão pode vir com o tempo. Quando enfrentamos esses “sentimentos desprovidos de perdão”, e lidamos sinceramente com eles e os superamos, eles gradualmente se dissipam. É então que começa o processo do esquecimento. Esse processo é apenas isto: um processo que envolve nossos sentimentos, que devemos respeitar e entender. Não temos controle sobre o que sentimos, somente sobre como agimos e lidamos com nossos sentimentos.

O pecado não está nos nossos sentimentos e sim no nosso comportamento. Um cônjuge que perdoou o outro precisa permitir que seus sentimentos negativos regridam e os sentimentos calorosos retornem, porque, mesmo quando perdoamos, os sentimentos de ressentimento amiúde continuam presentes. Transformar sentimentos negativos requer tempo e esforço.

Os sentimentos negativos de raiva e ressentimento, que ocorrem quando somos magoados, não apenas são normais, como não seríamos humanos se não os vivenciássemos.É preciso enfrentá-los e aceitá-los. A verdade é que podemos genuinamente perdoar, embora seja preciso tempo para esquecermos e curarmos nossos sentimentos negativos. Temos que conviver durante algum tempo com eles. Todos aqueles que sofrem as dores, os equívocos e a insensibilidade da vida cotidiana são capazes de perdoar. Mas precisamos compreender que o esquecimento requer tempo.

Existem mágoas que podemos nunca esquecer; embora as feridas possam ficar curadas, as cicatrizes freqüentemente permanecem. Mas estas, como as de Cristo, podem ser indícios de que somos capazes, com a ajuda dele, de perdoar como ele perdoou.

Do mesmo modo como nos concedemos tempo para perdoar, também devemos estar prontos para conceder tempo àqueles que ofendemos. Embora eles nos tenham perdoado, precisamos oferecer-lhes espaço e tempo para que se tornem novamente carinhosos e confiem em nós.

Mágoas freqüentes e seus subseqüentes perdões podem ser a base para fortalecer os relacionamentos, mas às vezes, lamentavelmente, alguns nunca mais voltam a ser os mesmos.

Eis outro aspecto importante deste assunto: esquecer não significa necessariamente perdoar. Sem a experiência do perdão, o esquecimento pode ser a maneira de evitar lidar com a dor de ter sido ofendido. O esquecimento jamais será possível, se não vivenciarmos e reconhecermos a mágoa. Quando as pessoas simplesmente esquecem, elas geralmente estão varrendo os pensamentos negativos para baixo do tapete, e isso pode ser muito perigoso. Os sentimentos negativos enterrados se manifestarão de forma negativa em outro momento.

O ato de perdoar é uma coisa, mas a arte de esquecer é outra; requer tempo. Trata-se de processo humano que pode ser facilitado pela prece, pela reflexão e talvez pelo aconselhamento. À semelhança de Deus, podemos perdoar imediatamente, mas apenas Deus é capaz de esquecer imediatamente”.

Esse texto foi retirado do livro “Curando as emoções feridas” de Martin Padovani.

Quero relatar uma experiência sobre o perdão. Por vários anos me culpei muito por não conseguir perdoar e por desejar tantas coisas negativas. Achava que o tempo seria capaz de diminuir minha angústia, minha raiva e meu ódio! Mas os anos foram passando e por 11 anos carreguei comigo essa dor de não conseguir perdoar. Foi através da prece e das reflexões que eu senti Deus agindo em mim. Quando consegui me libertar dessa falta de perdão foi o mesmo que um peso saísse de perto de mim. Abraçar a pessoa e olhar em seus olhos foi uma experiência mágica que eu recomendo para todos.

Assim é nossa vida, uma hora somo perdoados, como fui por várias vezes, e noutra temos que pedir perdão. Infelizmente as pessoas ainda carregam um orgulho no peito e não se envergonham em dizer “eu jamais vou perdoar”. Essas pessoas não sabem o que é sentir seu coração leve e muito menos sabem o que é poder olhar nos olhos sem ressentimento algum.

Se você sente que seu coração está te pedindo para perdoar ou pedir perdão, saiba que é Deus falando com você! Se você ainda não consegue fazer isso, então use a prece e a reflexão porque sua hora vai chegar!

Eu recomendo!!!

Mailda Lyra

Deixe um comentário