Curando as emoções feridas

Cap. 01 – Problemas

Esse texto foi retirado do livro “Curando as emoções feridas” de Martin Padovani.

Alguém está livre deles?

“Todos temos problemas, eles podem diferir em função da quantidade, variedade e intensidade. Qual a diferença que existe entre nós, no que diz respeito aos problemas? Alguns se perturbam e acabrunham com seus problemas, ao passo que outros são capazes de enfrentá-los e de lidar com eles. Freqüentemente alguns indivíduos resolvem tão bem seus problemas que os outros erroneamente julgam que eles não têm problemas.

Um dos objetivos fundamentais de qualquer aconselhamento e psicoterapia é ajudar os indivíduos, os casamentos e as famílias com problemas, a ajudarem a si mesmos. Isso significa que precisam tomar conhecimento e entrar em contato com seus problemas, começar a lidar com eles e examinar as ações alternativas a serem praticadas, tomar decisão e segui-la – continuar a vida.

Geralmente terá ocorrido um colapso no funcionamento do indivíduo, do casamento ou do sistema familiar, e é preciso pensar na ação corretiva. A confusão e a perda de confiança debilitam o potencial intrínseco de cura e funcionamento. As pessoas se vêem esmagadas pelos seus problemas, perdem o controle de si mesmas e passam a ser controladas pelos problemas. Com a perda do controle, começam a se sentir indefesas e desesperançadas. A ansiedade e a depressão se instalam, bloqueando mais ainda o raciocínio saudável. Elas começam a entrar em pânico, buscando soluções rápidas e imediatas. Como estas não existem, é claro, as pessoas se desesperam.

Nós somos bastante engenhosos em arquitetar todos os tipos de métodos para evitar ou fugir dos problemas. Ocasionalmente colocamos nossos problemas de lado, o que é algumas vezes necessário, mas quando isso se torna a regra estamos a caminho de dificuldades. Os pensamentos e sentimentos negativos passam a dominar agimos e maneira irracional e desvirtuada.

Os problemas se intensificam transformando-se em profundas dificuldades pessoais, amiúde porque o sujeito não prestou atenção a sinais de advertência. Por exemplo, os indivíduos que se sentem infelizes consigo mesmos e com a vida, em geral poderão culpar outras pessoas, ficar deprimidos e sofrer males psicossomáticos, como dores de cabeça, úlceras e dores no peito, o que reflete o fato de essas pessoas não estarem controlando os estresses da sua vida. Podemos observar maridos e esposas, inquietos no seu casamento em virtude da insatisfação conjugal, olhando na direção de outras pessoas ou envolvendo-se excessivamente em outras causas, até mesmo de origem virtuoso e saudável.

A diferença entre aqueles que lutam e vencem e os que não o fazem será frequentemente a diferença entre os que enfrentam seus problemas e os que não enfrentam. Quando evitamos os problemas, acabamos sendo controlados e esmagados por eles. Quando os enfrentamos, passamos a compreender a realidade, e esta, não importa o quão dura e dolorosa, nos mantém mental, emocional e espiritualmente sadios.

A dor constitui parte do processo de crescimento. Quer física quer psicológica, a dor é realmente positiva porque indica que algo está errado. Se não sentíssemos dor, deixaríamos de possuir um sistema capaz de detectar problemas.

Ninguém está totalmente seguro. Podemos ter períodos temporários de estabilidade, mas estes são frequentemente perturbados quando buscamos outro nível de estabilidade. Nossa insegurança nos ajuda a perceber o nosso estado finito. Ela nos força a contemplar um lugar duradouro de segurança que nós, cristãos, chamamos de céu, onde a paz e a segurança final reinam com Deus. Quando a insegurança nos controla, fugimos da vida, evitando risco e recusando-nos a envolver-nos com as pessoas; não assumimos nenhuma responsabilidade por medo ou omissão.

Em todos os nossos problemas, é sempre importante estarmos conscientes da presença de Deus dentro de nós. Deus nos conduz através dos nossos problemas, apoiando-nos e fortalecendo-nos durante o caminho. Devemos ter em mente que Deus tira o mal do bem, que a confiança em Deus gera a confiança em nós mesmos para lidarmos com nossas dificuldades. Nossa insegurança pode ser estimulo que ativa nosso potencial.

Cristo tornou-se humano não para afastar nossos problemas e sim para ensinar-nos a enfrentá-los, vivendo vida mais responsável.

Concluindo, existe um fato que se torna cada vez mais evidente para mim em todos esses anos em que aconselho os que têm dificuldades: os que possuem fé estável e madura possuem um sistema de apoio adicional para enfrentar seus problemas; usam não apenas seu potencial humano como também o espiritual.

Uma forte crítica que faço hoje a muitos psiquiatras, psicólogos e conselheiros tem relação com a negligência ou até com a negação dessa dimensão espiritual, especialmente quando isso é preocupação do cliente. Espero que mais profissionais comecem a reconhecer e estimular o aspecto espiritual de seus clientes. Todos temos problemas, mas uma fé ativa pode ter grande importância na sua solução”.

Como prova de tudo que foi escrito quero relatar minha experiência pessoal sobre um problema.
Há cinco anos e meio perdi minha mãe. Para quem já passou por essa experiência sabe o que é sentir essa perda. Lembro que na época foi uma dor tão desesperadora que achei que não fosse dar conta de tamanho sofrimento. Esse desespero durou algum tempo até que eu busquei dentro de mim e da minha fé a força que eu nem sabia que existia.

Minha mãe foi um exemplo de força e fé. Durante 19 anos ela conviveu com um problema no pulmão, mas isso não fez com que ela desistisse ou se entregasse a esse problema. Sempre foi uma mulher forte e batalhadora, sempre teve em seu rosto um sorriso sincero e em seus olhos a vontade de viver.

Foi na minha mãe que eu encontrei o caminho para minha nova condição, foi em seus ensinamentos que eu encontrei a fé a força que existia em mim. Eu não acreditava que pudesse ter tanta força e tanta fé! Acreditem, se não fosse a fé e Deus em minha vida hoje estaria como muitos, me lamentando, culpando Deus por ter a levado de mim, me torturando, buscando respostas em outros caminhos e deixando para trás o que está dentro de mim.

Passar por esse problema não foi fácil, problemas são sempre problemas. Mas foi justamente por causa desse problema que cresci como pessoa, como mulher, como filha, como amiga… a vida é assim, uma constante evolução.

Não encare seu problema como um grande problema, coloque Deus a frente de tudo que tudo será resolvido. Nós só conseguimos crescer quando o sofrimento bate em nossa porta. Se ele esta batendo, abra para que possa entrar. Entenda seu sofrimento, analise-o porque assim você encontrará uma saída. Peça direção e luz para seu caminho, fale com Deus porque ele ouvirá sua prece. Todo aquele que pede, recebe – Mt 7,7-12.

“Minha mãe minha flor, sei que foi Deus quem te colheu e te levou pra enfeitar um jardim que existe no céu”
Espero que vocês saibam encontrar a força que existe dentro de cada um.
Com carinho,
Mailda Lyra
Vale a pena ouvir:

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