O coração!

Pare, observe e reflita!

Estava eu sentada na esquina da Rua Peru esperando meu almoço chegar em um restaurante na cidade de Belo Horizonte, quando olho para o lado vejo um senhor com mais ou menos uns 90 anos. Ele estava lá, sentado em sua cadeira de rodas olhando o movimento sem nenhuma expressão.

Não sei se suas mãos perderam o movimento ou se ele só estava se aquecendo devido ao clima ameno que fazia naquele dia. Um cobertor marrom aquecia a metade de seu corpo e um chapéu cobria sua cabeça.

Ao seu lado havia uma senhora morena, provavelmente era ela que cuidava dele. Sentada, ela alimentava esse senhor como um pássaro alimenta seu filho. Tão vagarosamente e com muita paciência, ela sorria para ele e o limpava a cada vez que o alimentava. Jose é o nome dela.

Uma menininha também estava ali, acho que devia ter uns sete aninhos. Provavelmente era sua bisneta. Ela olhava para o vovô sentado e acariciava seu rosto velho e cansado com um lindo sorrisinho nos olhos e com muito amor em cada toque. Ela tinha uma máquina fotográfica na mão e várias vezes ela apontava a máquina em direção a ela e ao vovô. Tirava a foto, observava e novamente posava. Não tenho dúvidas de como essa fotografia vai ser importante quando esse vovô cansado não estiver mais ali. Ela terá a lembrança de tudo que estou relatando aqui.

Com muita dificuldade a Jose termina de alimentar aquele senhor, arruma as coisas na mesa, olha para mim e me da de presente um lindo e tímido sorriso. Ela sabia que eu estava ali observando cada detalhe e escrevendo numa folha de guardanapo o que meus olhos viam.

Jose segurou com firmeza a cadeira de rodas daquele senhor e com muita dificuldade ela desceu da calçada em direção a rua.

Uma coisa que observei em Belo Horizonte – pelo menos no bairro que estive – é que não existe estrutura nas calçadas para situações como essa. Já é impossível caminhar sem dificuldade imagina então como uma cadeira de rodas? Infelizmente esse é um problema que não existe só em BH.

Vendo aquele senhor ir embora fiquei pensando nele e na família dele. Imaginando como deve ter sido sua vida, se ele foi ou não uma boa pessoa, o que poderia ter acontecido para ele estar na cadeira de rodas, se ele ainda tinha sua esposa, quantos filhos ele teve, enfim, fiquei viajando com meus pensamentos.

Existem tantos momentos assim que passam despercebidos pelos nossos olhos. Na correria do dia a dia nós nem lembramos ou paramos para observar o que acontece ali do nosso lado. Acho que se a gente parar um pouco, observar e refletir sobre momentos como esse, provavelmente a vida teria mais sentido e pararíamos de reclamar tanto de tudo.

As pessoas estão vazias, os amores não tem mais tanto sentido, os problemas parecem ser enormes mesmo sendo tão pequenos, as famílias estão ausentes, os abraços não fazem mais tanta diferença… Com tudo isso estamos nos tornando pessoas mais frias. Frias de atitudes e frias de sentimentos.

Pare, olhe e observe! Comece pela sua casa. Você vai ver que muito pode melhorar sem muito ter que mudar.

Boa noite a todos.

Deixe um comentário